O Velho e o Cão

Velho, cansado e envolto na solidão que os anos me trouxeram, pensei que um cão poderia preencher o vazio que se formara em minha existência. Não era apenas a ausência de companhia, mas a falta de propósito, de algo que me fizesse levantar da cama mesmo nos dias mais cinzentos. E então, como um presente do destino, eu o encontrei: perdido, sujo, com os olhos grandes e famintos que pareciam carregar um pedido mudo por ajuda. Não hesitei. Acariciei sua cabeça emaranhada, e ele, sem um pingo de medo, abanou o rabo e seguiu-me com uma confiança que me comoveu. Naquele momento, soube que ele seria meu, e eu, de alguma forma, seria dele também. Chamei-o de Fido, um nome simples que me lembrava os cães fiéis das histórias que meu avô contava. Agora, ele é minha sombra, meu companheiro nos dias longos e nas noites silenciosas. Falo com ele como se pudesse entender cada palavra, e ele responde à sua maneira: uma lambida nas mãos calejadas, um olhar que parece dizer que tudo vai ficar bem. “Fido...